26 de fev. de 2009

c'est la vie

ensaio a dias escrever sobre a vida
assim, a vida e suas contradições
mas, a cada dia que passa, a vida me surpreende mais e torna ainda mais impossível escrever sobre ela
hoje foi um dia assim
e fora a vontade de encher a cara até entender tudo, só posso dizer que estou surpresa, assustada, preocupada, mas feliz
por mais contraditório que isso possa parecer
afinal, eta vidinha contraditória essa que a dita cuja me deu!

16 de fev. de 2009

caminhar sob a garoa fina

caminhar sob a garoa fina
adoro a garoa fina que escorre como uma pequena lâmina sob meu corpo atormentado
na sexta, andamos na garoa
no sábado, andamos na garoa
ontem, andamos na garoa
andamos sob a garoa na madrugada de ontem
com o coração aos pulos, com uma tensão no ar, entre sorrisos, beijos, abraços e comentários de que o mau caminho é sempre o melhor caminho
ainda sinto o gosto, ainda sinto o cheiro e apesar da segunda-feira densa e cinzenta, as sensações do fim de semana não querem passar
andar sob a garoa fina, ouvindo amy winehouse
as lágrimas escorrendo com a chuva
a atmosfera densa enchendo o coração
mas não é angustia, não é tristeza
não é fossa, não é tensão
eu nem quero saber se continuo sendo amada no outro dia de manhã
tenho desperdiçado tantas lágrimas que chorar lágrimas de alegria é o menor dos desperdícios
andando na garoa, eu ainda sorrio, entre chuva e lágrimas, o risinho da noite anterior
da madrugada, do fim de semana todo
andando pela garoa, vou levando as marcas do fim de semana
o dedo cortado, a mão queimada, o coração poluído, o corpo dolorido, a garrafa de gatorade pra curar a ressaca
andando na garoa, sei que prefiro sentir frio
o frio é plenamente controlável
o calor é invasivo
não há o que se fazer contra ele
e eu odeio perder o controle
se o frio incomoda, é só colocar uma blusa, procurar proteção
o calor invade e permeia todas as coisas
derrete o gelo, esquenta a água
odeio ser invadida
eu gosto da neblina e do frio e da chuva leve q não molha
mas gosto ainda mais de dias extremamente ensolarados
sem nuvens
e gelados, mto gelados
com aquele vento q corta o rosto sem proteção
me dá vontade de andar na rua, sem direção
e me procurar, até me encontrar...
caminhando na garoa, pensando sobre o clima, sobre o sol e o cinza, sobre pessoas e sensações, percebo o quanto seres especiais são capazes de transformar sentimentos
andando pela garoa fina, às nove da manhã de uma segunda-feira cinza da capital paulista, percebo que o sorriso entre lágrimas de hoje só é possível porque, de atalho em atalho, a morte sempre abre mais uma cerveja e acende mais um marlboro

10 de fev. de 2009

desassossego

é esse desespero
é essa vontade
é essa covardia
é essa expectativa
é essa inquietação
é essa tristeza
é essa emoção
é essa ansiedade
é esse monte de rivotril
é esse monte de fluoxetina
são esses montes de pensamentos
são esses montes de confusões
são esses montes de razões
são essas toneladas de emoções
são esses nós na garganta
são esses frios no estômago
são esses tremores na mão
são esses calores no sexo
são esses pesos nas pernas
é querer correr
é querer gritar
é querer fugir
é querer esconder
é querer esquecer
é querer morrer
é querer sentir
é querer ignorar
é querer temer
é querer calar
é temer escrever o que não pode ser lido
é temer escrever o que vai ser lido
é temer ser lido o que se quer escrever
é temer ser lido o que não pode ser escrito
é o subentendido
são as entrelinhas
é escrever para ser entendida
e temer a escrita
(porque as palavras ditas
e as palavras escritas
contêm a verdade que se quer esconder)

eis as causas do meu desassossego

"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida. Minha tia velha fazia paciências durante o infinito do serão. Estas confissões de sentir são paciências minhas. Não as interpreto, como quem usasse cartas para saber o destino. Não as ausculto, porque nas paciências as cartas não têm propriamente valia. Desenrolo-me como uma meada multicolor, ou faço comigo figuras de cordel, como as que se tecem nas mãos espetadas e se passam de umas crianças para as outras. Cuido só de que o polegar não falhe o laço que lhe compete. Depois viro a mão e a imagem fica diferente. E recomeço." Livro do Desassossego (Fernando Pessoa)

2 de fev. de 2009

l'amour

esses tempos, uma discussão tem sido recorrente em todos os meus círculos de amizade: relacionamentos. estou solteira há pouco mais de um ano e, sinceramente, às vezes sinto falta de alguém q se importe desesperadamente comigo, q me ame do jeito q eu sou, q cuide d mim, q faça sexo comigo sempre q der. aí, eu lembro q tenho meus amigos e, pronto, fico satisfeita plenamente. encontro neles tudo o q preciso.
nessas discussões, um tema me chama a atenção: a aversão q as pessoas têm ao seu passado e ao passado do outro. como se os ex-namorados e namoradas, as baladas, tudo o q a pessoa viveu antes fosse uma mancha, um erro, algo a ser apagado pra sempre e esquecido.
não sei.
eu não aceitaria isso.
meu passado, meu presente, condenáveis ou não, foram e estão sendo. me fizeram o q sou. contribuíram em cada milímetro na construção do q eu penso e sinto. e serão sempre importantes pra mim. por pior q tenham sido, jamais aceitaria apagar o meu passado ou o q estou vivendo hoje.
por isso, hj, qdo meu ipod escolheu para tocar non, je ne regrete rien, com a edith piaf, eu me emocionei e chorei voltando pra casa
não tenho vergonha do meu passado e não tenho vergonha d chorar em público
não tenho vergonha de sentar aqui e admitir que eu choro ouvindo música
ainda mais uma música q fala sobre o passado e o presente

http://br.youtube.com/watch?v=kFRuLFR91e4

non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bien égal.
non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
c'est payé, balayé, oublié,
je me fous du passé.
avec mes souvenirs,
j'ai allumé le feu.
mes chagrins mes plaisirs,
je n'ai plus besoin d'eux.
balayés mes amours,
avec leurs trémolos.
balayés pour toujours
je repars à zéro...
non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bien égal.
non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
car ma vie, car mes joies,
pour aujourd'hui
ça commence avec toi

porque a gente não pode ter vergonha de ser quem é
e porque a gente não pode ter vergonha de recomeçar, quantas vezes forem necesárias