sexta
A – pô, parece mesmo. aquela mina que é mulher do otto, né?
B – não, é ex. largou. tá usando até maquiagem na tattoo.
C – porra! pra que maquiagem? é só pôr um érre. fica “ottRo”!
sábado
A – mano! pára! cê rói demais a unha!
B – ah! foda-se!
A – gosta tanto que podia fazer disso profissão. ficar sentado lá no centro, com uma plaquinha: “rói-se unha”.
domingo ensolarado
família na porta de casa. o carro de som, as bexigas, o skypaper, o megafone. a declaração de amor. as lágrimas da família inteira. mãe, pai, menina, irmão, sobrinha, irmã, cachorro, tia, cunhado, gato, outra sobrinha. o quer casar comigo no ouvido do bairro todo. do outro lado da rua, os meninos. amigos, atrás do muro. “declaração de amor uma porra!”. 24 ovos acabando com a festa.
e amanhã, é segunda de novo
“your mother calls, your friends never call, your dog died and tomorrow is monday again...” (css)
A - sabe que eu acho esse nosso grupo perfeitamente adequado?! um estudante de engenharia, odontologia ou nutrição certamente diria alguma coisa técnica sobre a ventilação, o desenho e a estrutura do prédio, a captação de energia eólica, as falhas no projeto... nós falamos sobre as conseqüências no espírito de uma pessoa por ficar sem contato visual com o exterior, sem poder ver o brilho do sol, sem ver os passarelhos e passaralhos voando livres e brincalhões, numa disputa selvagem do rasante mais arriscado sobre a fria moldura da cidade; ou falamos sobre as gotas de chuva, debatendo-se frenéticas contra a vidraça, forçando a entrada e melando sensualmente os grandes lábios famintos da segunda-feira, que nos engole mais um naco da vida, em troca de um punhadinho de papéis numerados e coloridos de infâmia.
B - sim, sim. tudo seria mais fácil, se não tivéssemos nascido com esse buraco q insiste em arder dentro de nós. tudo seria mais fácil, se não fossemos criaturas incompletas q buscam no mundo uma justificativa para sermos assim. tudo seria mais fácil, se fossemos tolos e vivessemos sorrindo por aí, sem perceber a infinidade d contradições q existem dentro d nós. tudo seria mais fácil, se tivéssemos ouvido nossos pais e feito engenharia, odontologia ou nutrição, ao invés de procurar no texto dos outros as respostas para nossas angustias e para os problemas do mundo.
*baseadas em fatos reais. os nomes foram trocados para preservar a identidade das personagens.
A – pô, parece mesmo. aquela mina que é mulher do otto, né?
B – não, é ex. largou. tá usando até maquiagem na tattoo.
C – porra! pra que maquiagem? é só pôr um érre. fica “ottRo”!
sábado
A – mano! pára! cê rói demais a unha!
B – ah! foda-se!
A – gosta tanto que podia fazer disso profissão. ficar sentado lá no centro, com uma plaquinha: “rói-se unha”.
domingo ensolarado
família na porta de casa. o carro de som, as bexigas, o skypaper, o megafone. a declaração de amor. as lágrimas da família inteira. mãe, pai, menina, irmão, sobrinha, irmã, cachorro, tia, cunhado, gato, outra sobrinha. o quer casar comigo no ouvido do bairro todo. do outro lado da rua, os meninos. amigos, atrás do muro. “declaração de amor uma porra!”. 24 ovos acabando com a festa.
e amanhã, é segunda de novo
“your mother calls, your friends never call, your dog died and tomorrow is monday again...” (css)
A - sabe que eu acho esse nosso grupo perfeitamente adequado?! um estudante de engenharia, odontologia ou nutrição certamente diria alguma coisa técnica sobre a ventilação, o desenho e a estrutura do prédio, a captação de energia eólica, as falhas no projeto... nós falamos sobre as conseqüências no espírito de uma pessoa por ficar sem contato visual com o exterior, sem poder ver o brilho do sol, sem ver os passarelhos e passaralhos voando livres e brincalhões, numa disputa selvagem do rasante mais arriscado sobre a fria moldura da cidade; ou falamos sobre as gotas de chuva, debatendo-se frenéticas contra a vidraça, forçando a entrada e melando sensualmente os grandes lábios famintos da segunda-feira, que nos engole mais um naco da vida, em troca de um punhadinho de papéis numerados e coloridos de infâmia.
B - sim, sim. tudo seria mais fácil, se não tivéssemos nascido com esse buraco q insiste em arder dentro de nós. tudo seria mais fácil, se não fossemos criaturas incompletas q buscam no mundo uma justificativa para sermos assim. tudo seria mais fácil, se fossemos tolos e vivessemos sorrindo por aí, sem perceber a infinidade d contradições q existem dentro d nós. tudo seria mais fácil, se tivéssemos ouvido nossos pais e feito engenharia, odontologia ou nutrição, ao invés de procurar no texto dos outros as respostas para nossas angustias e para os problemas do mundo.
*baseadas em fatos reais. os nomes foram trocados para preservar a identidade das personagens.
2 comentários:
hey menina riot! achô!!!!!! :)
gostei muito de tudo isso aqui
keep rock
beso
Uáu! Parece um de meus dias!
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