12 de abr. de 2009

fuga

quando você nasce com o buraco
não importa onde vá
não importa o que faça
não importa onde esteja
não importa com quem esteja
não importa o quão feliz você pareça
ele está sempre lá
um vazio imenso ocupando a alma
transformando todos os pensamentos
(por infinitamente bons que eles pudessem parecer)
em dor e desespero
quando ele está lá
(e sempre esteve)
a consciência de tudo é mais aguçada
a dor do mundo está dentro de você
não importa onde vá
não importa o que faça
não importa onde esteja
não importa com quem esteja
não importa o quão feliz você pareça
ele está sempre lá

mas, às vezes, a gente sabe que fugindo um pouquinho a coisa pode ser menos pior
eu sempre fujo
tomo calmantes e antidepressivos
e, assim, eu consigo dormir
agora estou colocando os calmantes e os antidepressivos na mala
pretendo não precisar deles enquanto estiver fugida
vou fugir do caos e da cidade grande
vou pro mato, pra praia
ver a lua cheia das pedras à beira mar
ouvir o canto dos pássaros silvestres e o barulho dos insetos
caminhar com os pés na água do mar
cozinhar, limpar, amar
vou fugir só um pouquinho
pra ver se o vazio me esquece um pouco
pelo menos durante uma semana

Um comentário:

Marina Sathler disse...

torcemos para q vc deixe o vazio por lá ! joga ele no mar, que a onda leve pro fundo e não volte mais..e no futuro, quando pesquisarem os buracos do mar, vão chamar um deles de Tha.

:)